segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

O ofício do Jornalismo


Em 3 curtas entrevistas, o autor relembra a essência, a alma e a paixão do jornalismo.

Os Cínicos não servem para este ofício - Conversas sobre o Bom Jornalismo

Ryszard Kapuscinski

(traduzido do italiano por Sandra Escobar)


O estranho nome do escritor polaco pode não ser fácil de memorizar, mas obras como “O Imperador”, “Ébano”, ou “Império”, fizeram de Ryszard Kapuscinski (n. 1932) um dos principais autores contemporâneos.
Nesta obra, o repórter aborda os problemas que surgiram no jornalismo e no mundo dos meios de comunicação. Em 3 entrevistas onde o escritor e jornalista está do outro lado do microfone, o leitor é levado numa viagem pelo longo percurso profissionsal de Kapuscinski. Além do trajecto do autor, dos requisitos para ser jornalista, somos também contemplados com a sua visão do papel dos jovens no mundo actual e o facto de os jornalistas “envelhecerem rapidamente”.
Apesar de o título parecer altivo, para Kapuscinski a questão é fácil: “a nossa profissão não pode ser perfeitamente exercida por alguém que seja cínico. Há que distinguir o seguinte: uma coisa é sermos cépticos, realistas e prudentes, o que é absolutamente necessário, senão não podíamos fazer jornalismo; outra coisa completamente diferente é sermos cínicos, uma atitude incompatível com a profissão do jornalista”.
O ritmo fluido e a linguagem simples do primeiro capítulo fazem o leitor entrar numa “conversa” interessante com o autor, que se dissipa na segunda entrevista. Apesar da paixão com que Kapuscinski fala das suas histórias em África, o discurso é mais maçudo e pode conduzir à desistência da leitura. Para aqueles que se aventuram ao terceiro capítulo, o esforço é recompensado com “O Conto num dente de alho”. O debate com John Berger, escritor e crítico de arte, propicia uma discussão entre os diferentes tipos de escrita dos dois autores.
Para jornalistas, estudantes e apaixonados da área uma obra imprescindível.

Sem comentários: